quarta-feira, 2 de novembro de 2011

UMA POESIA FLORBELA

Supremo enleio
Florbela Espanca
Quanta mulher no teu passado, quanta!
Tanta sombra em redor! Mas que me importa?
Se delas veio o sonho que conforta,
A sua vinda foi três vezes santa!

Erva do chão que a mão
de Deus levanta,
Folhas murchas de rojo à tua porta...
Quando eu for uma pobre coisa morta,
Quanta mulher ainda! Quanta! Quanta!

Mas eu sou a manhã: apago estrelas!
Hás de ver-me, beijar-me em todas elas,
Mesmo na boca da que for mais linda!

E quando a derradeira, enfim, vier,
Nesse corpo vibrante de mulher
Será o meu que hás de encontrar ainda...

Ilustração de Eugénia Tabosa


Conheci Florbela numa época de grandes descobertas. Era tudo tão revolucionário,tudo tão novo... o mundo se abria e eu me abri pra Florbela.
 

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